percorro a rua
trapeio por minhas pernas
o soluço do choro vem doendo
com lágrimas que selam o chão
respiração rápida
ao desespero me entreguei
de mãos ásperas e quentes
correr
correr
correr
olhos me perseguem
se arregalam e me perguntam
"que diabos está acontecendo?"
sem aguentar as pernas
caio, esmorecida ao chão paralelepipedal
ajuda-me
fingem
ninguém vem
ninguém vê
desato em minha sombra o ardor
dum vento frio
enche-me de escasso amor
me roubaram a felicidade
me deixaram aos trapos
roubaram meu sorriso
quem liga?
eu sou responsável por estancar minha própria ferida
o sangue cruza as mãos
rosto sem traço reflete
devagar, as pessoas desaparecem
eu faço elas sumirem
Nesse tempo
vazia se tornou a rua
então
eu continuo correndo para lugar nenhum
para minha utopia
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