26/11/2016

noites sem sono e sem vida no 25



eu não sei mas o que sou
não sei onde estou
escuro,
uma completa desorientada

sufocando
ar
ar
por favor!

devo começar tudo de novo?

fugir do mundo?
fugir daqui?
ir pra outro rumo?
pra outro sopro?

olha, olha, eu não aguento mais...


23/11/2016

Dei-me um minuto


Foto: Alex Currie

Eu sou a menina sorridente, a menina que faz todos rirem. E olhe agora, sentada na cama, engolindo lágrimas e suplicando ao mundo uma gota de paz. Derramando um oceano no seu travesseiro, mergulhando em maré alta no seu barco pequeno. Pensamentos, os mesmos sonhos mortos, mesmos momentos esquecidos, mesmas vontades sem ponto de partida, sou carne, osso e dúvidas; lamento os amores que não senti, as oportunidades que perdi, a vida que esqueci. Dei-me um minuto, quero ficar aqui.

A noite é silenciosa e calma, não posso espanta-los com meus soluços, ninguém deve saber do que tenho por dentro. Todos aqui são como robôs, todos possuem máquinas em seus corações e óleo nas suas veias. É proibido sentir e agir, o círculo gira e não é fácil sair. Você é considerado louco.

No meu quarto, deixo a porta aberta, quem sabe a ideia de poder fugir desses pensamentos em quatro paredes seja uma boa. Pedalo, corro, pulo, esmurro, socorro!

Em 19 anos, ontem foi o dia em que tive a certeza que minha mente não está em boa condição. Não consigo achar saídas, meu Deus! Eu não estou onde devia estar. Passo meus dias como eternas chances de dar certo, mas não saio do lugar, pareço hamister girando em sua roda e trancado em sua gaiola. Peço socorro e ninguém ouve, estou sozinha a muito tempo.

Felicidades não me caceiam
são ilusões, minha cara.

22/11/2016

coisas noturnas

Eu sei que posso muito mais. Então, porque eu não consigo sair do lugar? Não, eu não sei a resposta. Admiro o céu brilhante, eu amo a sensação que as pessoas me passam. Estou feliz, mas não me sinto satisfeita. Eu não estou onde deveria estar.

15/11/2016

Mais um dia | Rua Chagas, 139


ela acorda e enxerga a luz na janela
as memórias da noite passada
a cabeça pesada
e o coração afundado em desespero
incolor foram os sonhos
preto e branco
dolor

na fotografia na mesa seu rosto sorri
seus olhos são galáxias
mas quando volta com os pés no chão
a tristeza lhe oferece abrigo
e nunca mais saiu de lá
seus olhos não tem brilho
faz um tempo
em um tempo

foi a morte da felicidade dentro de seu seio
e a angústia lhe presenteia todas as noites
suspiros fundos
olhos escuros
não sabem mais sorrir

assim foi
assim foi que ela partiu

08/11/2016

chuva


eu queria que você me deixasse
guerras sem fim
aqui mesmo do escuro
tão seguro
você disse adeus

escolha em suas palavras
a melhor forma de matar
mate 
sem misericórdia


som de chuva
vem das montanhas da tu coluna
ouço a batida que vem do teu peito
deixe-me entrar
novamente embebeço da tua agonia

é melhor correr de volta para casa
é melhor correr de volta...

esquecer, esquecendo
(sobreviver, sobrevivendo)

02/11/2016

A apresentação


Ponha-te
no palco
dance
grite
chore

Vazio
esmurra-se
silêncios
repita a dança
ninguém vê

Deita-te
enrole seus abraços em você
mesmo
abrace
abrace seu ego ferido

nas terras onde
heróis não são ninguém
vilões reinam
grandes majestades

a morte
se deu ao palco
sangue não tinha
apenas um burraco
em seu peito
a alma continua a dançar

no relampejar de sua mente
viu:
o show
tem que continuar